quinta-feira, 30 de junho de 2011

Carlos Eduardo diz que CEI das Obras Inacabadas é resultado de fraude

Foto: Gerlane Lima
Ex-prefeito critica abertura de CEI para investigar sua administração.

O ex-prefeito de Natal Carlos Eduardo Alves (PDT) acredita que a atual administração do município está tentando desviar o foco da investigação de atos da prefeita Micarla de Sousa (PV) e, para isso, criou a Comissão Especial de Inquérito (CEI) que irá investigar obras iniciadas na gestão passada, mas que ficaram inacabadas. De acordo com ele, a atual gestão é que deveria prestar esclarecimentos sobre a descontinuidade dessas obras e chamou a CEI de "fraude".

Em entrevista concedida na manhã de hoje (30) ao Jornal 96, Carlos Eduardo disse não entender porque os vereadores que apóiam a prefeita de Natal esperaram quase três anos para pedir que sua administração fosse investigada, ao mesmo tempo em que negou fazer parte o movimento Fora Micarla. 

Para o ex-prefeito da capital potiguar, a instalação da CEI dos contratos foi uma vitória da população natalense. “A reivindicação da CEI dos contratos culminou com a invasão dos estudantes na Câmara Municipal de Natal, representando o desejo da população, uma vez que Edivan Martins (o presidente da CMN) já tinha sepultado a CEI dos aluguéis. Depois de 11 dias, fomos todos surpreendidos com três diferentes CEIs e uma delas para investigar atos da minha administração, quase três anos depois que deixei a Prefeitura”, detalhou.

Alves afirmou que a instalação da CEI das obras inacabadas ocorreu de forma fraudulenta, uma vez que com a invasão dos estudantes, os funcionários da CMN passaram mais de uma semana sem dar expediente. Ele disse que a bancada da situação apresentou três diferentes comissões, com o de propósito de implantar duas comissões antes daquela pleiteada pelos estudantes natalenses, mas com a invasão na Casa, essa manobra não foi bem sucedida. De acordo com ele, “houve uma manobra ilegal, oportunista, para tentar mais uma vez frustrar uma investigação da atual administração”. 
Foto: Gerlane Lima

O ex-prefeito da capital disse que há quase três anos é perseguido pela atual administração de Natal, mas garantiu não temer qualquer tipo de investigação, alegando que se houvesse alguma irregularidade, ele já teria sido convocado para prestar esclarecimentos, por haver uma perseguição implacável da atual administração, em relação aos seus atos. “Na minha administração, havia uma comissão para determinar os contratos de locação e nenhum aluguel era definido somente pelo prefeito ou por algum dos secretários. Por isso que fui prefeito durante seis anos e ninguém nunca falou sobre irregularidade dos aluguéis”, lembrou.

Sobre a investigação das obras que não foram concluídas durante a sua gestão, Carlos Eduardo alegou que isso ocorre em administrações de diferentes estados e países, sendo natural que os governos realizem, inaugurem e deixem obras inacabadas, para que as administrações seguintes dêem continuidade e o dinheiro do contribuinte não seja desperdiçado. “Aquela cultura política de não dar continuidade porque a gestão anterior era de um adversário está ultrapassada. A obra foi feita a partir de recursos públicos”, ressaltou.

O ex-prefeito citou algumas obras que não foram concluídas na sua administração e poderão ser investigadas pelos vereadores, destacando o viaduto do pro-transporte que fica na Zona Norte de Natal, o Mercado das Rocas, o Parque da Cidade, além da drenagem, saneamento e pavimentação dos bairros de Capim Macio e Nossa Senhora da Apresentação.

De acordo com o balanço de Carlos Eduardo, falta “um palmo” para que o viaduto seja concluído, a descontinuidade da reforma no Mercado das Rocas e a capital fez com que Natal perdesse um convênio de aproximadamente R$ 2 milhões e prejudicando mais de 100 comerciantes, além de o Parque da Cidade ter sido entregue à atual gestão do município com auditório, biblioteca, memorial e uma programação com artistas que se apresentavam no local semanalmente. “Por que foram paradas as obras de drenagem, saneamento e pavimentação de Capim Macio, que estavam com 75% do projeto aprovado, e de Nossa Senhora da Apresentação, que ficou com 90% feito?”, questionou.

Na visão do ex-prefeito, é preciso questionar à Micarla de Sousa e aos representantes da atual administração municipal os motivos que levaram à suspensão dessas obras, uma vez que ele deixou algumas inauguradas e outras sendo realizadas. “Que a comissão seja formada e convoque Micarla para responder os motivos da paralisação. Eu não sei porquê isso ocorreu”, disse.

Ele comentou também sobre as outras CEIs que possivelmente serão instaladas, uma para investigar irregularidades durante a reforma realizada no Machadão em 2007 e outra para analisar ações da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (Semsur), na época em que Carlos Eduardo Alves era prefeito de Natal e o titular da secretaria era o atual vereador Raniere Barbosa. “Não houve absolutamente nenhuma irregularidade na reforma do Machadão, que foi necessária porque o time do América jogou na Série A do Campeonato Brasileiro e a dispensa de licitação ocorreu para que o estádio estivesse pronto em maio de 2008. Já sobre a Semsur não sei a que se refere, mas talvez seja para atingir o vereador Raniere Barbosa”, ressaltou.


Fora Micarla
A respeito do movimento #ForaMicarla, o ex-prefeito afirmou que os aliados da atual prefeita tentam alegar que o movimento político, mas a população de Natal sabe que a manifestação de insatisfação surgiu de forma espontânea. “É evidente que muitos partidos políticos participaram, mas o comando desse movimento que ganhou o mundo foi dos estudantes. As manifestações que ocorreram em Natal receberam a atenção não apenas da imprensa do sul e sudeste do Brasil, mas também de veículos de outros países”, concluiu.

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