Emanuel Amaral
Após anos de discussão, o poder público conseguiu extinguir a favela Via Sul, que era localizada na rua Francisco Luciano de Oliveira, do bairro de Candelária. O esforço do Ministério Público e da Prefeitura de Natal está ameaçado há pelo menos três meses. Desde então, catadores de material reciclável, em sua maioria, voltaram a ocupar o espaço público com barracos, nas proximidades da antiga favela da Via Sul. Já existem nove famílias no local e todos estavam entre os que, em 2009, receberam casas da Prefeitura para deixar a favela.São nove famílias que ocupam a favela próxima à antiga Via Sul.
É o caso da catadora de material reciclável Maria Dilma do Nascimento da Silva. Ela mora há três meses no novo assentamento que, por ser recente, ainda não ganhou um nome. Ela afirma que recebeu uma casa no bairro Planalto, à época da saída da favela Via Sul, mas que acabou vendendo o imóvel para “não passar fome com as crianças”, nas palavras dela. Depois, Maria Dilma foi morar com o irmão e de lá para as proximidades da rua Eletricista Elias Ferreira, onde o assentamento é localizado. “Vim morar aqui porque consegui comprar essa carroça por mil e duzentos reais. É de catar garrafa e papelão que eu vivo”, afirma, apontando para o seu equipamento de trabalho.
De acordo com moradores, o novo assentamento surgiu da necessidade de um local mais próximo para os catadores de material reciclável. A maioria deles mora em bairros distantes, como o Planalto ou Felipe Camarão. Depois de um dia de trabalho pelas ruas, é menos cansativo ficar por Candelária do que se deslocar até a Zona Oeste. “Fica muito longe pra eles irem lá pra Felipe Camarão ou outro bairro à noite. Por isso, eles ficam aqui”, diz Jorge Avelino de Lima, de 65 anos, que corta e vende lenha. “Eu não cato garrafa e papelão, mas eu vejo de perto a vida dos meus vizinhos”, complementa.
Além disso, há outras pessoas na comunidade que preferiram morar em barracos porque já não tinham como pagar aluguel. “A maioria do pessoal vem aqui somente pra dormir. Eles não tinham como pagar o aluguel da casa deles e por isso deixaram para lá”, diz Maria Dilma. Dessa forma, segundo o relato dos moradores, a população da comunidade é crescente, o que vem atraindo a atenção dos responsáveis pelo Condomínio Clube Nature, ainda em construção. Os barracos ficam colados ao muro da construção. De acordo com Maria Dilma, técnicos da Prefeitura de Natal já foram três vezes ao local, além de ter mandado intimações. “Eles querem que a gente saia daqui, mas a gente não aceita”, encerra Maria Dilma.
Remoção
A Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb) irá remover os barracos do local, segundo informou o titular da pasta, Olegário Passos. A expectativa é que a remoção seja realizada na próxima segunda-feira. A Semurb espera uma ordem judicial para, com a ajuda da Polícia Militar, derrubar os barracos e remover as famílias do local.
A Secretaria também confirmou que todas as famílias são remanescentes da favela Via Sul. Essas pessoas receberam casas para abandonar o local e agora voltaram. “Temos a informação que são pessoas que procuram receber outra casa, o que foge da responsabilidade social da prefeitura. No mais, queremos tranquilizar a população do entorno. A prefeitura está cumprindo o seu papel e irá solucionar o problema em breve”, afirma Olegário Passos.
http://tribunadonorte.com.br/noticia/familias-formam-uma-nova-favela/148662
Vamos acompanhar essa história para ver no que vai dar.
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