Prédio histórico pode desabar

Lugar acumula focos do mosquito da dengue e abriga família
sem-teto Foto: Fábio Cortez/DN/D.A Press

Abandonado, caindo aos pedaços e com focos de dengue. É assim que se encontra o prédio da antiga Faculdade de Direito, na Ribeira, que é tombato como patrimônio histórico nacional. O local recebeu nesta semana a visita de uma equipe da Coordenadoria de Vigilância Sanitária (Covisa), acompanhada de um engenheiro, que constatou o desgaste da estrutura do imóvel, que está interditado.

"Estou com medo de que caia alguma coisa", disse o responsável pela vistoria, João Rafael Guimarães. Ele foi ao local para elaborar um relatório da situação do prédio, depois que uma visita da equipe de agentes de saúde no local constatou que havia focos de dengue e pessoas residindo no prédio abandonado.

A visita só foi possível após um agendamento na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), proprietária do imóvel, para que os agentes tivessem acesso ao local. A expectativa dos agentes é que o relatório esteja pronto ainda hoje. "A situação é de calamidade. Há focos de dengue no local e o prédio está correndo o risco decair. Uma parte do telhado já caiu e outra está quase", informou a supervisora da área leste da Vigilância Sanitária, Marize Gomes. 
Na segunda e terça-feira passadas foi colocado larvicida para combate ao foco do mosquito Aedes Aegypti. A situação da antiga Faculdade de Direito foi denunciada através do disque-dengue. Apesar das condições do imóvel, a UFRN, a princípio, não corre o risco de ser multada. "A universidade atendeu a nossa solicitação. Caso não tivesse ocorrido isso e não tivéssemos acesso ao imóvel, poderia ser multada", explicou Osias Alves, técnico em Vigilância Sanitária que também participou da vistoria no imóvel.

Risco

Mesmo com o risco de desmoronamento, há pessoas residindo no local. Num dos cômodos, parcialmente preservados - em comparação com o restante do prédio - há uma espécie de quarto instalado. Com colchonete, roupas, ítens de higiene e até uma academia improvisada, com direito a halteres artesanais, feitos com uma barra de ferro e concreto. A impressão é que várias pessoas usamo prédio como abrigo.

O prédio da Faculdade de Direito foi fundado em 1908, pelo então governador Alberto Maranhão, como sede da Escola Normal. Em 1956, tornou-se sede da primeira faculdade jurídica do Estado. O seu projeto é do arquiteto Herculano Ramos, o mesmo que posteriormente foi responsável pela reforma do então Teatro Carlos Gomes, hoje Teatro Alberto Maranhão. Recentemente, abrigou a Secretaria de Segurança do Estado.

O imóvel é tombado em conjunto pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), por integrar a poligonal de tombamento do Centro Histórico de Natal. Sendo assim, toda reforma e, até mesmo, manutenção precisa da autorização do IPHAN. A equipe de reportagem tentou entrar em contato com a assessoria de imprensa da UFRN, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição. 

http://www.diariodenatal.com.br/2011/04/29/cidades5_0.php