terça-feira, 10 de maio de 2011

Desabastecimento continua

Falta de merenda na escola Herly Parente, em Igapó,
faz com que alunos sejam liberados uma hora em meia antes do horário
Foto: Carlos Santos/DN/D.A Press

O gesto dos alunos da Escola Municipal Herly Parente, no bairro de Igapó, na Zona Leste de Natal, segurando os pratos vazios no refeitório, sem merenda, não é uma realidade apenas desta escola. Desde o início do ano letivo eles não sabem o que é uma refeição na escola e, por conta disso, são liberados uma hora e meia antes do final das aulas. A situação da falta de merenda se repete em muitas escolas da rede municipal e o Diário de Natal tem denunciado o problema antes mesmo do início do ano letivo, em várias reportagens, por estar prejudicando o aspecto nutricional e a aprendizagem das crianças.
No domingo, a denúncia teve repercussão nacional quando foi notícia no programa Fantástico, da Rede Globo. As escolas alegam dívidas do município com os cartórios para regularização do caixa escolar que recebe dinheiro direto do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Já o secretário municipal de Educação, Walter Fonseca, desconhece que exista atualmente alguma escola comfalta de merenda e que não se trata de uma questão financeira, mas apenas burocrática, prometendo que até o final desta semana o problema será resolvido em toda rede. 
Segundo o secretário, 11 escolas estão inabilitadas por problemas de documentação ou prestação de contas, mas o gestor afirma desconhecer que "alguma escola que atualmente esteja em situação de falta de merenda porque onde havia o problema, devido à falta de regularização da unidade executora junto aos cartórios, estamos dando suporte jurídico e financeiro para que a própria secretaria compre o produto e o repasse até a escola".
A matéria do Fantástico citou Natal como um exemplo de descaso com as crianças e com recursos públicos. Registrou que os 400 alunos da Escola Municipal Chico Santeiro, no Bairro Nordeste, estavam indo embora mais cedo porque não havia merenda. Tiveram apenas duas horas de aula pelo fato de alguns passarem mal, com dor no estômago e até mesmo desmaios. A cozinha estava completamente vazia, o fogão e as panelas já não eram usados há muito tempo e no depósito havia apenas milho vencido.
Na manhã de ontem, a reportagem do DN fez um percurso em algumas escolas da Zona Norte de Natal e constatou que passado um mês da gravação da Rede Globo, o problema da falta de merenda ainda é uma triste realidade. O principal motivo é o débito do município junto a cartórios da cidade com relação ao pagamento do registro da unidade executora daqueles estabelecimentos, que recentemente mudaram de direção devido às eleições dos novos gestores.
Na Escola Municipal Herly Parente, o problema ainda não foi resolvido e a reportagem flagrou o momento da saída dos alunos às 10h da manhã, exatamente uma hora e meia antes do final do horário. A coordenação da escola alegou justamente a falta de merenda para os alunos estarem saindo mais cedo e que o problema está acontecendo devido a uma dívida de apenas R$ 125 junto a um cartório para regularização da unidade executora. 
O problema estaria prejudicando não apenas os cerca de 600 alunos do ensino fundamental da escola, mas também 200 alunos que participam do Mais Educação, reclama a coordenadora Mirtes Paiva Pahim. 

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