domingo, 21 de novembro de 2010

Ecobags atraem minoria no Estado

Discussões sobre a degradação do meio ambiente e a necessidade de minimizar os impactos negativos sobre ele começaram a aquecer nos últimos anos e foram decisivas para inserir com mais força no varejo produtos até então pouco explorados. Entre eles, as ecobags, bolsas reutilizáveis feitas de materiais como algodão e polipropileno, começaram a despontar  como alternativas às tradicionais sacolas plásticas e, pelo menos no Rio Grande do Norte, passaram a ser comercializadas nas principais redes supermercadistas a partir de 2008. O movimento em prol do uso dos produtos alternativos e mais “verdes” não tem sido, porém, suficiente para que  alcancem uma adesão massiva.

Os varejistas são unânimes em dizer que o processo de conscientização dos consumidores tem sido demorado. “O uso das ecobags sugere uma mudança de hábito, e isso não se consegue alcançar com a velocidade que gostaríamos”, diz o superintendente da rede de supermercados Nordestão, Manoel Etelvino de Medeiros. Há dois anos a rede passou a vender as ecobags nas lojas. Os produtos ficam posicionados nos corredores e perto dos caixas, para facilitar a visualização. Mas a exposição diferenciada não e a única estratégia do setor para chamar a atenção para as sacolas “verdes”.

Hábito  de acondicionar as compras em sacolas de plástico tradicionais aos poucos vem sendo mudado, mas ainda reina no mercado potiguar, dizem supermercadistasFoto: Alex Fernandes
Hábito de acondicionar as compras em sacolas de plástico tradicionais aos poucos vem sendo mudado, mas ainda reina no mercado potiguar, dizem supermercadistas

 Nas lojas do Bompreço e do Hiper, o cliente que fizer compras e optar por não embalá-las nas sacolas plásticas ganha desconto em dinheiro. A cada cinco itens que ele registra no caixa, se contabiliza um desconto de R$ 0,03. “Ele pode optar por levar as compras em caixas de papelão e nas próprias sacolas retornáveis”, diz  Christianne Uriostes, diretora de Sustentabilidade do Walmart Brasil, grupo que controla as lojas no estado e que passou a vender as sacolas retornáveis de forma avulsa a partir de 2009.

As primeiras ecobags chegaram às prateleiras, no entanto, um ano antes, através do clube de fidelização de clientes da companhia. Por meio desse clube, os consumidores podiam trocar pontos pelas sacolas alternativas. “A adesão ao nosso programa está supernando nossas expectativas, mas a gente sabe que musar hábito é algo que leva tempo. O consumidor precisa ser reeducado em relação a muito de seus hábitos e o uso e o abuso do saco plástico é um deles”, frisa a diretora de Sustentabilidade.

A preocupação com o uso de sacolas plásticas tradicionais é simples de entender. Só o Brasil, segundo dados da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), consome a cada ano cerca de 12 bilhões desse tipo de produto. Em outras palavras, cada brasileiro utiliza em torno de 66 unidades por mês, sendo que esta embalagem demora cerca de 400 anos para se decompor, provocando danos ao meio ambiente. Um deles é impedir o escoamento de água da chuva no solo e prejudicar a irrigação natural.

“Na verdade, é preciso uma conscientização do uso, uma vez que a sacola virou um utensílio que que acaba sendo usado para pôr o lixo e se o seu uso for abolido, o consumidor se verá obrigado a comprar sacos plásticos para isso”, disse em entrevista recente à Tribuna do Norte o diretor da Associação no estado, Eugênio Medeiros. “Entendemos que há a necessidade de conscientização,  no sentido de evitar o uso desnecessário. Mas essa conscientização ainda é muito difícil, pois não há a cultura no brasileiro de reutilizar. Só quando o consumidor entender que o papel de procurar uma alternativa que agrida menos o meio ambiente é tanto dele quanto das redes de supermercado,  a situação vai mudar”.

É preciso estimular o consumo

A ideia de usar sacolas retornáveis chega a ser mais do que difundida, até imposta aos consumidores em supermercados na Europa. Foi lá, no “velho mundo”, especificamente em Zurique, na Suíça, que o administrador natalense Israel Felix de Lima Junior, 29, começou a se deparar com o novo costume. 

“Lá, ou você leva de casa ou compra no caixa. Eles não fornecem sacolas plásticas. Como aqui (no Brasil) temos essa alternativa, muitas pessoas optam pelo uso do plástico mesmo. Mas, se houvesse campanhas educativas pelo menos os clientes mais fiéis passariam a usar”, diz.

Israel usa bolsas retornáveis há dois anos. Ele optou por modelos feitos de polipropileno, um tipo de plástico mais resistente. “Uso uma bolsa para grãos e farináceos, outra para materiais de limpeza, outras para carnes e peixes e as demais para frutas e verduras. Além de reduzir a a quantidade de sacos que vou jogar no lixo, fica muito mais prático para armazenar e transportar as mercadorias do supermercado ou da feira até em casa”, observa.

Há pelo menos cinco anos a jornalista Eliade Pimentel, 35, tem o hábito de usar ecobags em pequenas compras, no supermercado e na farmácia, e até como acessório no dia a dia. “Ás vezes esqueço e acabo levando as compras na mão. Quando não é possível, o jeito é usar as tradicionais, mas procuro evitar isso ao máximo”, conta. No aniversário da filha Alice, de 7 anos, ela substituiu os modelos habituais de lancheirinhas por mini sacolas retornáveis de algodão. A lembrancinha fez sucesso entre os convidados e podia ser personalizada por eles mesmos, com tinta, na hora. “Sempre tive preocupação com o meio ambiente e quando as ecobags apareceram por aqui comecei a incorporá-las mesmo na minha vida”, diz a jornalista.

O professor Ricky Damasceno Rodrigues, 25, é outro adepto das sacolas alternativas. Mas, como outros usuários, acha que poderia haver mais estímulo ao uso por parte das redes de supermercado.

Ideia é conscientizar o consumidor, frisam varejistas

Os preços das ecobags variam de R$ 2,49 a R$ 6 nas redes supermercadistas do Rio Grande do Norte, onde o ritmo de vendas não tem ocorrido com a  velocidade esperada, mas onde também milhares de unidades foram vendidas nos últimos anos. Lucrar com a comercialização desse tipo de produto não é, porém, interesse do setor supermercadista, de acordo com as principais empresas do ramo.

 “A venda de ecobags faz parte da nossa estratégia de estimular o consumo consciente, não é uma linha de negócios onde queremos ter lucro”, diz a diretora de Sustentabilidade do Walmart Christianne Uriostes. Ela diz que Desde que o grupo começou o programa de descontos para quem não leva sacola plástica, foram destinadas 37,6 milhões de sacolas plásticas a menos ao meio ambiente. E em relação a sacolas retornáveis, o grupo já vendeu em 2,4 milhões de unidades (cerca de 15 mil sacolas só no RN).

Nas unidades do Extra Natal, que oferecem cinco diferentes modelos aos consumidores, em torno de 6 mil unidades foram vendidas apenas nos últimos quatro meses, de acordo com o gerente geral do Extra Ponta Negra, José Halério Soares Nário. “Mas o Grupo Pão de Açúcar, que controla a rede de supermercados, não visa lucrar com essas vendas, tanto é que cada bandeira do grupo possui parceria com uma ONG e parte da venda é revertida”, complementa Thatiana Zukas, responsável pelos programas de reciclagem do Grupo Pão de Açúcar.

Para os adeptos das ecobags, apesar de não serem elevados, os preços dos produtos podem levar possíveis interessados a desistir de comprá-los por analisarem que  representam um custo a mais, ao contrário do que enxergam em relação às tradicionais sacolas plásticas. “Muitos consumidores olham  as duas alternativas e ainda optam  pela que é “gratuita”, diz o professor, Ricky Damasceno Rodrigues. “Agora, as ecobags poderão ser usadas diversas vezes. O custo benefício é interessante”, acrescenta

Supermercados agem para eliminar plásticos

A inserção das ecobags nas gôndolas não é a única ação do setor supermercadista para desestimular o uso de sacolas plásticas tradicionais. Algumas lojas disponibilizam de forma gratuita, por exemplo, caixas de papelão para que os clientes transportem os produtos. Outras estratégias também têm sido colocadas em prática. O Nordestão, por exemplo, desde 2009 adotou o uso de sacolas oxibiodegradáveis nas sete lojas da rede, em substituição às sacolas plásticas tradicionais. “As sacolas oxibiodegradáveis se decompõem em 18 meses quando colocadas em contato com o meio ambiente, contra 500 anos de uma sacola normal”, compara o superintendente do grupo, Manoel Etelvino de Medeiros.

O Carrefour também deverá banir as sacolas tradicionais das lojas no país até 2014. O movimento nesse sentido começou em março deste ano, no Dia Mundial do Consumidor, quando o grupo eliminou o uso das sacolas plásticas tradicionais na  unidade de Piracicaba (SP). “Recebemos todos os dias mais de um milhão de clientes em nossas lojas e entendemos que este é um importante canal para conscientizar e influenciar o comportamento do consumidor, estimulando seu engajamento no processo”, afirmou o diretor-superintendente no Brasil, Jean-Marc Pueyo. Para estimular os clientes, a loja de Piracicaba distribuiu gratuitamente sacolas retornáveis até 31 de março e ofereceu outras opções sustentáveis de embalagens para compra. Para os consumidores que se acostumaram a colocar seu lixo doméstico nas sacolas plásticas tradicionais, a empresa também desenvolveu uma opção de saco de lixo, produzida com plástico reciclado, que será vendida nas lojas. Dentro da estratégia de conscientização, a rede também vem realizando fóruns e palestras para orientar os clientes sobre como realizar o consumo consciente.

“Se todos os supermercados utilizam sacolas, de alguma forma o consumidor irá pagar por elas, já dentro do preço das mercadorias. Assim, se houvesse a consciência do consumidor de que ele pode usar menos sacolas, isso terminaria influenciando nos preços dos produtos do supermercado”, disse o diretor da Assurn, Eugênio Medeiros, em entrevista recente à TRIBUNA DO NORTE.
Sobre essa notícia, tenho algumas informações interessantes que pegarei no gabinete do vereador professor Luis Carlos e postarei amanhã pela manhã.

Nenhum comentário:

Postar um comentário