terça-feira, 1 de junho de 2010

Serviço pediátrico terá oferta reduzida


A saúde privada do Rio Grande do Norte está passando por uma crise característica do serviço público. Dentro de um mês, a urgência pediátrica do Hospital Promater pode fechar devido à sobrecarga dos médicos plantonistas que fazem cerca de 180 atendimentos diariamente. O acolhimento infantil vem sofrendo efeito dominó. Depois que a maioria dos especialistas se descredenciou dos planos de saúde, conseguir uma consulta ficou cada dia mais difícil, e as mães estão lotando os três pronto-socorros particulares de Natal especializados em criança.

Hospital é um dos dois particulares de Natal que atendem população infantil. Profissionais reclamam de sobrecarga. Foto: Fotos: Carlos Santos/DN/D.A Press

O diretor da Promater, Guilherme Maia, recebeu na semana passada uma carta dos pediatras da urgência afirmando que trabalhariam até o dia 1º de julho. O hospital vai tentar negociar com os planos de saúde para evitar o fechamento do pronto-socorro, mas reconhece as motivações dos médicos. "Há muito tempo a pediatria vem sendo sacrificada pelos planosde saúde", ressaltou Guilherme. A Promater tem uma escala diária com dois pediatras por plantão - 16 no total - e faz em média 180 atendimentos.

Guilherme tentará na negociação com os convênios a ampliação da rede de atendimento, já que atualmente somente a Promater, o Hospital Papi e a Prontoclínica e Maternidade Dr. Paulo Gurgel realizam as urgências pediátricas. Na opinião de Guilherme, a sobrecarga dos médicos é decorrente do número reduzido de especialistas trabalhando nos consultórios. "95% da urgências não são urgências, são atendimentos de ambulatório", enfatizou. Segundo ele, a população pode ficar tranquila porque " em caso de fechamento vão ser criadas alternativas pelos planos de saúde".

Além de prejudicar os pacientes, o fechamento da Promater pode refletir na situação de outros hospitais. " Se isso acontecer será um problema sério para a cidade. Precisamos analisar como resolver para não fechar porque mesmo que coloque mais médicos, não vai dá conta", declarou o diretor do Papi, Eduardo Maia.Também com o número alto de acolhimento na urgência, cerca de 200, a unidade não terá como receber a demanda que não for atendida na Promater.

O presidente da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Norte, Nivaldo Sereno de Noronha Junior, disse que o problema de sobrecarga acontece porque a urgência do hospital está servindo de ambulatório, o que deveria ser feito nos consultórios. No entanto, segundo o médico, o problema desses profissionais não é de hoje. Na tarde de ontem, o médico esteve na Promater para uma reunião com o diretor da unidade, Guilherme Maia, mas disse que o problema está longe de ser resolvido. "Isso só terá um fim quando o profissional for valorizado. Os estudantes que terminam o curso de medicina já não querem seguir para a pediatria. Os valores não compensam. Hoje, dos 270 pediatrias inscritos na Sociedade de Pediatria, apenas 94 estão em consultórios", afirmou.

Cada dia menos

A sobrecarga no atendimento dos pronto-socorros infantis é o resultado da falta de médicos no consultório. Segundo Rosane Gomes, membro da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Norte (Sopern), dos 400 pediatras do Rio Grande do Norte, apenas 98 fazem atendimento ambulatorial. Desse número, 73 atendem somente Unimed, Petrobras e Smille. "Os outros não aderiram ao movimento de descredenciamento", explicou. Em dezembro, os pediatras iniciaram um descredenciamento de vários planos que não reajustaram o valor da consulta.

Com um acompanhamento diferenciado, Rosane diz que não é justo os R$ 42 pagos pelos planos que boa parte se descredenciaou. " Conseguimos com esses três, incluir a puericultura por R$ 70 e a consulta normal por R$ 52", ressaltou.

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