terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Estrutura é deficitária para o verão!

São 11 horas da manhã em Ponta Negra. O verão já começou, a areia está lotada e as famílias curtem o dia de sol forte na capital. Contrastando com o bom movimento visto, o posto de guarda-vidas do Corpos de Bombeiros Militar (CBM), atrás da barraca número de 16 no calçadão, está vazio. Tem sido assim e não há perspectiva de melhora. A corporação admite a estrutura deficitária em pleno a alta estação, pondo em xeque a segurança do natalense e do grande número de turistas que visitam a cidade. Para 410 quilômetros de litoral potiguar, há somente 70 homens do CBM. A reportagem da TRIBUNA DO NORTE foi a três postos de guarda-vidas das praias urbanas na manhã de ontem e constatou a deficiência de efetivo.

alex régisPosto de Bombeiros na Via Costeira, que coordena as operações noturnas, fica fechado durante o diaPosto de Bombeiros na Via Costeira, que coordena as operações noturnas, fica fechado durante o dia
No posto da Praia do Meio, os quatros homens que lá estão são responsáveis por manter seguros os banhistas da Praia dos Artistas, Praia do Forte e da própria Praia do Meio. “Às vezes também somos chamados para outros cantos. Com certeza, precisa de mais gente. A gente procura utilizar a prevenção para alertar as pessoas, assim nosso trabalho fica mais fácil”, disse o guarda-vida Antônio Neto.

Com essa sobrecarga, não existem condições de passar segurança em todos os lugares. Na Praia do Forte há muito não se vê um guarda-vida. “Eles só vêm quando realmente tem uma ocorrência e, às vezes, demoram a chegar. Eu mesmo já entrei no mar para salvar as pessoas”, contou o comerciante Romilson da Silva, de 30 anos e que há 22 trabalha na localidade.

Durante o dia, o posto na Via Costeira serve de enfeite. Quem está lá sozinho é o guarda-vida Alan Matos. “Só fico guardando o posto, não atendo chamados. Aqui é a central noturna, onde se concentram as ações nesse período”. Perguntado o que acontece se houver uma ocorrência ali perto, nas praias próximas aos hotéis, Alan responde: “o posto de Ponta Negra é quem atende”. 

“Eles passam aqui, mas saem. O certo era passar um bom tempo, não era?”, indagou o garçom Eudes Moura.

O tenente Christiano Couceiro, do CBM, ratifica a realidade vista pela reportagem. “Temos um efetivo de 650 homens, dos quais 70 são dedicados à Operação Verão. Sabemos que é insuficiente, mas outras medidas estão fora do nosso alcance”. O tenente explica como funciona o trabalho durante este período do ano. “Temos pontos fixos na Redinha, Praia do Meio, Búzios e Ponta Negra. Praias adjacentes, como a do Forte, Camurupim e Jenipabu, chegamos através de quadriciclo”.

A corporação se preparou para a alta estação. “No último semestre, ocorreu um treinamento tanto na parte física como na parte técnica com ênfase no salvamento aquático, justamente visando o verão”, explicou o tenente Roberto Oliveira. Em uma carga horária que vai das 8h às 17h, a atenção redobrada continua até o final do carnaval, no mês de março. Estão à disposição do CBM, cinco caminhonetes, cinco quadriciclos e três botes infláveis, em casos de emergência.

O tenente Christiano Couceiro pede a atenção de banhistas, principalmente em áreas que não contam com a presença dos Bombeiros. “Muitos se embriagam e entram na água. Isso muitas vezes causa afogamento.”

Bombeiros

Postos fixos:

Búzios, Redinha, Ponta Negra e Praia do Meio.

Itinerantes

Praia do Forte, Praia dos Artistas, Via Costeira, Camurupim e Jenipabu.

Mortes por afogamento chegam a 50

Entre 1º de janeiro e 27 de dezembro, o Instituto Técnico e Científico de Polícia registrou 50 mortes por afogamentos em lagoas na Grande Natal e cidades circunvizinhas. Os números não incluem os afogamentos nas área de domínio do Itep de Mossoró e Caicó.  Os meses de maior ocorrência foram os  janeiro, com oito mortes, e o de novembro, com nove.

Um dos casos foi o do jovem   Willian Franklin Macedo, natural da cidade de Bom Jesus/RN, que morreu no início de novembro ao tentar salvar a noiva Roberta Batista da Silva, 17 anos, que estava se afogando na praia de Búzios. Roberta foi salva por banhistas, mas Franklin desapareceu no mar. Os dois estavam tomando banho numa área considerada perigosa pelos bombeiros. A água estava pelo joelho, mas a se movimentarem, os dois caíram em um buraco aberto pela correnteza. Roberta conseguiu subir num barranco e foi resgatada por populares.

http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/estrutura-e-deficitaria-para-o-verao/168626

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