sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Eleitores submeteram Micarla a “recall”

Analistas da política norte-rio-grandense começam a disseminar a tese de que para a prefeita Micarla de Souza, presidente do diretório regional do PV, a votação do último domingo, 3, em Natal constituiu verdadeiro "recall" de sua administração.

O pensamento se fundamenta em alguns fatos que se evidenciaram durante a campanha eleitoral para o primeiro turno, quando estrategistas políticos enfatizaram muito a tese de que então ocorreria um plebiscito. No plano nacional, reduzindo em muito, na prática, a aprovação à administração que o presidente Lula da Silva vinha demonstrando em sondagens pré-eleitorais, a votação mostraria a verdadeira aprovação a seu desempenho, levando pouco em consideração os méritos da candidata de seu partido, o PT, à presidência, a economista e ex-ministra Dilma Rousseff.
A analogia indica que no plano estadual a atuação da professora Wilma de Faria ao longo de quase oito anos como governadora e os cinco meses de ação quase invisível de seu sucessor, o governador Iberê Ferreira de Souza, foi medida pelo insucesso que este amargou ao tentar se reeleger pelo partido de ambos, o PSB. Iberê soçobrou logo no primeiro exame, quando o governo foi conquistado pela senadora Rosalba Ciarlini (Dem), confirmando, aliás, todas as pesquisas sérias divulgadas com respaldo eleitoral ao longo dos últimos dois anos.
No plano municipal, o trabalho de Micarla não foi medido somente pelo fato de não conseguir eleger seu marido, o jornalista e radialista Miguel Weber, e sua irmã, a contabilista Rosi de Souza, como deputados estadual e federal, respectivamente, mas por duas medidas adversas especificamente na capital potiguar. As votações que os dois obtiveram aqui foi ínfima, em se tratando dos candidatos do peito de uma prefeita eleita há dois anos.
Ao mesmo tempo, a deputada federal Fátima Bezerra (PT), principal competidora de Micarla na eleição municipal de 2.008, foi de longe, muito longe, o mais votado candidato a deputado federal em Natal. É como se o eleitorado revisasse agora a decisão que adotou há dois anos. Os votos demonstraram que o natalense cansou dos factóides municipais e passou a observar criticamente a ação da comunicadora que ainda não se mostrou gestora.
É claro que este "recall" tem sentido meramente simbólico, pois o Brasil não adota este mecanismo como meio de aferir a aprovação dos cidadãos ao desempenho dos gestores, como ocorreu há poucos anos em relação ao governador do estado norte-americano da Califórnia. Sua importância para Micarla, acólitos e aliados, porém, não pode ser minimizada.

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